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Mais tragédia nas minas de Junco.

Maioria dos trabalhadores
atua sem as condições
mínimas de segurança.
Outro acidente fatal vitimou mais dois trabalhadores nas minas da região de Junco do Seridó. Desta vez a tragédia ocorreu na comunidade Várzea da Carneira, na manhã de ontem. Os dois mineradores Lázaro da Silva Martins, 23 anos, e Juliano Patrício da Silva, 26 anos, morreram em decorrência do desmoronamento de uma barreira quando trabalhavam na mina.
As minas de extração de caulim, em sua maioria irregulares, não oferecem condições para o trabalho e está se tornando cada vez mais comum a ocorrência de acidentes com vítimas fatais. Somente este ano já foram registradas cinco mortes.
Além dos dois que morreram ontem, outro trabalhador estava no local, conseguiu escapar e avisou aos outros do acidente. Uma retroescavadeira da Prefeitura Municipal fez o trabalho de resgate.
Os homens estavam dentro de um dos túneis de exploração quando aconteceu o desmoronamento. Os corpos dos trabalhadores foram levados para o Hospital Otília Balduíno, em Junco. Em 2010 são cinco pessoas mortasem virtude de desmoronamentos de terra. De acordo com informações da Cooperativa do Garimpeiros do Seridó (Cooperjunco), são cerca de 800 mineradores trabalhando clandestinamente nestas minas, com jornadas de trabalhos de 10 horas para ganhar R$ 30 por um dia inteiro de trabalho.
De acordo com o chefe de segurança do Núcleo de Segurança ao Trabalhador do Ministério do Trabalho, Clóvis da Silveira Costa, responsável pela fiscalização de todo o Estado da Paraíba, o Ministério não tinha ciência do tamanho do problema que os garimpeiros daquela região enfrentam. Clóvis afirmou que uma senhora de Junco do Seridó, cujo marido faleceu em um desses acidentes nas minas no início do mês de novembro, ligou para lá fazendo uma denúncia e pedindo que alguma providência fosse tomada. Com isso, reuniões foram feitas a fim de discutir estratégias e o intuito é de fazer uma visita às minas hoje mesmo.
Segundo Clóvis, o núcleo já entrou em contato com o procurador do trabalho que é responsável pelo município de Junco, para que seja feita uma reunião e uma visita de reconhecimento para que assim as medidas sejam tomadas. "O procurador já mandou um ofício para o Departamento Nacional de Produção Mineral para que essas minas sejam analisadas e, se necessário for, fazer a interdição dessas minas. O pior que poderia acontecer em acidentes de trabalho já aconteceu, que foram as mortes. Nós iremos lá para ver como são as condições trabalhistas para que os direitos desses trabalhadores possam ser assegurados. As pessoas que são vinculadas ao trabalho já correm sérios riscos, imagine os que não são vinculados", afirma Clóvis.
Clandestinidade
Conforme informações da Cooperjunco, existem cerca de 300 minas que desenvolvem atividades de extração de minério no município de Junco do Seridó, 90% delas realizam trabalhos clandestinamente. Mais de 30 pessoas morreram nos últimos cinco anos naquela região, soterrados nas minas. Em um só dia já chegaram a morrer três pessoas no mesmo acidente, e todos os anos morre alguém, seja em decorrência daqueda de barreiras ou em virtude dos equipamentos, que não conseguem sustentar o peso de seus corpos na hora e se quebram no momento em que eles precisam ser erguidos para irem da superfície até o final das valas, que chegam à profundidade de 50 metros.

Do: DB

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